domingo, 27 de outubro de 2013

Vigilância da Qualidade da Água em Piscinas

 "A água pode existir sem os seres humanos, mas nós só conseguimos sobreviver sem água por poucos dias.”


Esta simples frase revela toda a importância e o que a água significa para nós. O seu valor não pode ser sobrestimado, é a essência para toda a vida na terra, sendo ao mesmo tempo um dos elementos mais importantes para todos os organismos.

Hoje irei abordar uma temática que constitui uma das áreas fulcrais na atuação do Técnico de Saúde Ambiental, que consiste na Vigilância Sanitária da Qualidade da Águas para Fins Recreativos (Piscinas), que contempla dois aspetos: a qualidade da água e a qualidade das instalações das mesmas.
O programa para ser levado a cabo são necessários vários recursos, nomeadamente logísticos (meio de transporte, equipamentos, materiais) e uma equipa multidisciplinar.

Nos últimos anos, a utilização de piscinas tem-se difundido cada vez mais. Estas tornaram-se locais não só de prática de desporto e de exercício físico, mas também de lazer e procura de saúde e bem-estar. 
Aliado ao fato de estar generalizada a importância da atividade física como fator de bem-estar físico, mas também como promotor da saúde, tem-se a uma crescente utilização de piscinas, por indivíduos de todas as idades, desde bebés (idade inferior a um ano), a idosos (mais de 65 anos), podendo no entanto, constituir-se como fonte de riscos para a sua saúde.

A avaliação da qualidade da água em piscina reporta-se a dois tipos de análises, microbiológica e físico-química. Na Análise Microbiológica avaliam-se os seguintes parâmetros:

Quantificação de microorganismos cultiváveis a 37ºc

Bactérias coliformes

Escherichia coli

Enterococos intestinais

Peseudomonas aeruginosa

Total de estafilococos
Estafilococos produtores de coagulase













Quadro 1- Parâmetros Microbiológicos

Na Análise Físico-Química avaliam-se os seguintes parâmetros:

Turvação

Cloretos

Condutividade eléctrica

Oxidabilidade em meio ácido

Ácido isocianúrico
Carbono orgânico
Azoto amoniacal

Temperatura

PH

Cloro Residual Livre

Cloro Residual Combinado

Quadro 3 – Parâmetros físico-químicos


Apesar da temperatura, pH, cloro residual livre e o cloro residual combinado serem medidos “in loco” são parâmetros que contribuem para a avaliação físico-química da água. Estes parâmetros são importantes porque influenciam a qualidade da água, tendo em conta as características individuais de cada um.

A análise microbiológica de uma água de piscina implica duas colheitas, uma em profundidade para pesquisa de bactérias presentes em todo o volume do tanque e indicadoras de
contaminação fecal, e uma superficial para detecção de bactérias patogénicas, que se acumulam no filme superficial da água, constituído por óleos e gorduras.


  • O técnico que efectuar a colheita deve dirigir-se à zona do cais da piscina usando calçado apropriado.
  • O local de colheita da amostra para a análise microbiológica deve ser junto ao rebordo interno e no ponto mais afastado da entrada da água na piscina.

Os procedimentos a seguir na colheita para análise microbiológica devem ser os seguintes:

Análise Microbiológica

  • Técnica de Colheita à Superfície:


1. Calçar as luvas ou desinfetar as mãos.
2. Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo, sem a pousar ou tocar no seu interior. Em caso de necessidade, colocar a tampa dentro da manga esterilizada ou caixa que envolve o frasco.

3. Mergulhar o frasco em posição inclinada e sem que a boca fique completamente submersa.
4. Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento, de modo a captar a camada superficial. O frasco não deverá ficar completamente cheio.
5. Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo.
6. Colocar o frasco em mala térmica e transportá-lo ao laboratório de imediato. O prazo máximo que medeia entre a colheita e o início da análise não pode ultrapassar as 6 horas. A
temperatura deve ser mantida a 5 ± 3ºC.
7. A entrega das amostras no laboratório deve ser feita pelo técnico responsável pela colheita.


  • Técnica de Colheita em Profundidade

1. Calçar as luvas ou desinfetar as mãos.
2. Prender as cordas aos dispositivos da armação do frasco, mantendo este dentro da caixa de protecção, ou preparar outro tipo de equipamento, de acordo com as respectivas instruções.
3. Submergir o frasco à profundidade pretendida (cerca de meia altura da piscina).
4. Accionar a corda de abertura do frasco ou abrir a tampa do frasco de mergulho esterilizado.
5. Depois de cheio, fechar o frasco e retirá-lo.
6. Identificar o frasco e colocá-lo na caixa metálica.
7. Colocar a caixa metálica contendo o frasco na mala térmica e transportá-los ao laboratório de imediato. O prazo máximo que medeia entre a colheita e o início da análise não pode ultrapassar as 6 horas. A temperatura deve ser mantida a 5 ± 3ºC.
8. A entrega das amostras no laboratório deve ser feita pelo técnico responsável pela colheita.


  • Técnica de colheita para Análise Físico-Química

Para a colheita de amostras para análise físico-química devem ser utilizados os frascos com volumetria e no número estipulado pelo laboratório.

  • O local de colheita da amostra para a análise físico-química deve ser junto a uma das saídas de água.

Os procedimentos a seguir na colheita para análise físico-química devem ser os seguintes:

1. Calçar as luvas ou desinfetar as mãos.
2. Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo, sem a pousar no chão.
3. Mergulhar o frasco em posição vertical a uma profundidade de cerca de 20 cm, inclinando-o para encher.
4. Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento. O frasco deverá ficar completamente cheio.
5. Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo.
6. Colocar o frasco em mala térmica e transportá-lo ao laboratório de imediato. A temperatura deve ser mantida a 5 ± 3ºC.
7. A entrega das amostras no laboratório deve ser feita pelo técnico responsável pela colheita.



Avaliação da Qualidade da Água

  • Apreciação Microbiológica

Os aspectos microbiológicos da qualidade da água são determinantes para a avaliação e
gestão do risco para a saúde ligado à utilização das piscinas.



As determinações físico-químicas são feitas com os seguintes objectivos:
- Avaliar a eficiência do tratamento da água.
- Avaliar os residuais de alguns produtos químicos potencialmente prejudiciais para a saúde humana.

A qualidade e a higiene de uma piscina depende essencialmente de factores humanos respeitantes tanto aos utilizadores como aos trabalhadores. Para promoção da saúde de ambos os grupos, os centros de saúde devem dinamizar actividades de sensibilização adequadas aos objetivos pretendidos. Para os utentes, os alvos devem ser prioritariamente as crianças e os seus pais e os idosos, não esquecendo os utilizadores em geral.
É importante realçar também que compete ás autoridades de saúde no âmbito da vigilância sanitária de piscinas, e ao disposto no Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril,  na nova redacção dada pelo Decreto-Lei nº 135/2013 de 4 de Outubro“vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas correctivas necessárias à defesa da saúde pública.”

De acordo com a mesma directiva, a água dos tanques das piscinas, deve ser filtrada e desinfectada, e possuir poder de desinfectante residual de modo a que as suas características físico-químicas e bacteriológicas sejam devidamente respeitadas, por forma a que não produza perigo para os seus utilizadores.
Para combater a contaminação da água, além de maiores exigências ao nível da higiene e cuidados pessoais dos frequentadores, a piscina tem de dispor de meios técnicos para a realizar o tratamento e desinfeção da água, assim como promover a higiene das superfícies. Da mesma forma tem que ser dada atenção aos sistemas de renovação do ar. 
A floculação e a filtração são as principais barreiras contra microrganismos e substâncias químicas. A desinfeção é a segunda barreira para os microrganismos e é mais importante para as águas de fraca qualidade. O desinfetante usado tem de ser potente para remover o microrganismo indicador, a Pseudomonas aeruginosa, em 99,99% em 30 segundos e isto é normalmente alcançado com químicos à base de cloro.
Uma bactéria presente na água, denominada Pseudomonas aeruginosa, é capaz de produzir doenças na pele, segundo afirmam pesquisadores norte americanos que publicaram um estudo na revista Journal of the American Academy of Dermatology, em Outubro de 2007. A pesquisa foi estimulada pelo encontro da infecção bacteriana na pele de 33 crianças, que utilizaram a mesma piscina.

Para uma maior aprendizagem destes procedimentos de colheitas de água de piscinas, produzi um vídeo com algumas fotos de atividades que vou realizando no estágio neste âmbito.
Espero que gostem!


Sem comentários:

Enviar um comentário