As doenças transmitidas por vectores têm emergido, ou reemergido de alterações climáticas, demográficas e sociais, alterações genéticas nos agentes patogénicos, resistência dos vectores a insecticidas e inversão da importância dada à resposta à emergência em detrimento da prevenção. Existe uma preocupação crescente das autoridades de saúde europeias com a probabilidade de introdução de novos vectores em determinadas zonas geográficas, assim como a possibilidade de surgimento de surtos inesperados e provocados por agentes etiológicos que nunca estiveram presentes ou há muito tempo estavam esquecidos na realidade europeia.
O European Center foi Disease Prevention and Control (ECDC) criou o Programme on emerging and vector-borne diseases e uma rede de vigilância de vectores a nível de toda a Europa. Por outro lado, o Regulamento Sanitário Internacional também preconiza o estabelecimento de programas de vigilância e controlo de vectores no perímetro de portos e aeroportos.
Através de um protocolo celebrado entre as Administrações Regionais de Saúde (ARS), Direção-Geral de Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA/Centro de Estudos de Vectores de Doenças Infecciosas (CEVDI), foi criada uma Rede de Vigilância de Vectores (REVIVE) a nível nacional.
Objetivo do Programa REVIVE:
- Vigiar a actividade de artrópodes hematófagos, caracterizar as espécies e a ocorrência sazonal nos locais previamente seleccionados;
- Identificar agentes patogénicos importantes em saúde pública transmitidos por estes vectores;
- Emitir alertas para a adequação das medidas de controlo, em função da densidade dos vectores e do nível de infecção.
Atividades a desenvolver:
- Recolha de mosquitos imaturos - ovos, larvas, pupas;
- Recolha de mosquitos adultos; - Recolha de ixodídeos (carraças).
Papel do Técnico de Saúde Ambiental:
As atribuições da Unidade de Saúde Pública são descritas no esquema em baixo, pertencendo ao TSA.
O Programa Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE) identificou em três anos quase 78 mil mosquitos em 44 concelhos e não foram encontradas espécies invasoras ou vírus que provoquem doenças ao homem. Referido pelo "Diário de Notícias Ciência", disponível para os mais curiosos em: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1805834&seccao=Biosfera
Os mosquitos existentes em Portugal podem ser incómodos mas as suas picadas não provocam mais que uma comichão e uma "baba". No entanto, é importante que as autoridades mantenham-se vigilantes e pretendam reforçar o controlo nos portos e aeroportos e a comunicação entre as atividades de vigilância de controlo. Neste momento não existem casos em Portugal Continental, mas o mosquito foi identificado na Madeira este ano. É a região do Funchal que é a mais infestada e notou-se um claro aumento da densidade de um ano para o outro.
Fig.2 - Imagem de Imonofluorescência in house positiva para Dengue (CEVDI/INSA) |
O Instituto Nacional de
Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) realiza no Centro de Estudos de Vetores e
Doenças Infecciosas (CEVDI) o diagnóstico laboratorial de referência de Dengue. Para
o diagnóstico indireto são utilizadas técnicas de identificação de anticorpos
IgG e IgM por Imunofluorescência in house e anticorpos IgM por
Imunofluorescência comercial (Euroimmun).
O diagnóstico direto
para a deteção do RNA viral é feita por técnica de transcriptase reversa em
reação de polimerase em cadeia (RT-PCR) convencional.
O laboratório identificou
o agente etiológico do surto que está a
ocorrer na Madeira como DEN1. A análise das sequências do genoma viral
indentificado indica 99% de semelhanças com
vírus DEN1, que circulou na Venezuela (2006-2007), Colômbia (2006-2009)
e Roraima, norte do Brasil (2010). Conclui-se que o vírus de DEN1, detetado na
Madeira, tem origem na América Latina, provavelmente na região do mar das
Caraíbas.
Desde do início de
Outubro até 9 de Dezembro de 2012 ocorreram
2050 casos de Dengue na ilha da Madeira. Não foram identificados casos severos
e o surto está tendencialmente a diminuir. O European Center for Disease
Control e a Direção Geral de Saúde informam semanalmente sobre a evolução deste
surto.
Em casos se surtos de
dengue, o laboratório tem um papel essencial para a deteção atempada dos
primeiros casos de maneira a contribuir para a tomada de medidas de controlo
vetorial, para a identificação exata do agente etilógico e da dua orige e para,
no caso do laboratório de referência como o INSA, contribuir para a instalação
de novas metodologias e controlo de qualidade em outros laboratórios.
O CEVDI/INSA foram
identificados, no total, 14 espécies de culicídeos colhidos em Portugal continental,
destas 9 espécies em estádios imaturos e 11 em adultos. Durante o estudo de
identificação de culicídeos foi dada uma atenção permanente de serem detetadas
espécies exóticas ou não referenciadas na fauna de culicídeos portugueses.
Quadro 1 - Espécies, estádios, número de mosquitos capturados e abundância, ano de 2008 |
Espero que tenham ficado esclarecidos sobre este programa, qualquer dúvida disponham.
Até à próxima publicação!
FONTES:
- Direção Geral de Saúde
- European Center for Disease Control
- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
- Programa Regional de Vigilância de Vetores - ARS Alentejo
FONTES:
- Direção Geral de Saúde
- European Center for Disease Control
- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
- Programa Regional de Vigilância de Vetores - ARS Alentejo
Sem comentários:
Enviar um comentário