quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Culicídeos (Mosquitos)

Atualmente, conhecem-se cerca de 3500 espécies de sub-espécies de culicídeos (mosquitos) no mundo. As doenças transmitidas por insetos já constituíram graves problemas de saúde pública na Europa, nomeadamente a malária, dengue e febre-amarela, que embora tenham sido erradicadas na Europa em meados século XX, continuam a existir espécies de mosquitos responsáveis ela transmissão destas patologias. 

A presença de água é indispensável para a existência dos mosquitos, uma vez que é o meio através do qual estes completam o seu ciclo evolutivo. A temperatura é essencial para um desenvolvimento mais rápido e aumento da descendência, desde que esta esteja entre os 25ºC e os 30ºC, visto que a população tem uma tendência para aumentar na Primavera e no Verão. O ciclo de vida é constituído por uma fase aquática: ovo, larva, pupa e uma fase aérea correspondente ao mosquito adulto. Um aspecto pertinente a ter em conta é que apenas as fêmeas têm o aparelho bucal adaptado à sucção de sangue, devendo estas ser alvo de preocupação, pois mais facilmente se tornam vectores de agentes patogénicos.
Fig 1 - Ciclo de Vida dos Culicídeos


Procedimento de Colheita de Amostra de Mosquitos Adultos


Fig. 2 - Produção de Gelo Seco (CO2)
- A captura de mosquitos adultos foi realizada através da armadilha CDC (Centers for Disease Control) light-trap e gelo seco (CO2). Estas armadilhas possuem uma fonte de luz que atrai os insectos para uma zona de onde são automaticamente aspirados para o saco coletor. O gelo seco é uma atração para os mosquitos, uma vez que estes insectos localizam os potenciais hospedeiros através do dióxido de carbono expirado. O gelo seco deve ser produzido para a realização da colheita.



 - A armadilha foi colocada num local estratégico, junto de um lago, abrigada do vento.
Fig.3 - Colocação da armadilha light-trap e gelo seco.


- Na manhã seguinte o recipiente colector deverá ser recolhido, evitando a fuga de insectos. Deve-se registar os dados relativos à temperatura e humidade relativa no boletim da colheita.

- As armadilhas devem ser colocadas ao entardecer, sendo o saco colector recolhido ao amanhecer do dia seguinte, uma vez que actividade diária dos mosquitos é condicionada pela temperatura e humidade relativa do ambiente, esta actividade restringe-se portanto ao período nocturno, quando a temperatura diminui e a humidade aumenta. 

- Uma vez realizada a colheita é preenchido o boletim respectivo, anotando (tipo de habitat, proximidade de água, entre outros).

- Até à expedição, os mosquitos adultos, devem ser acondicionados numa caixa térmica em esferovite com um termoacumulador, assegurando as condições de refrigeração.

Fig.4 - Local da colheita: Jardim Zoológico de Lisboa

O trabalho dos Técnicos de Saúde Ambiental, no âmbito do Programa REVIVE (Rede Nacional de Vigilância de Vetores), implica, recorrendo a técnicas específicas, efetuar a recolha de mosquitos adultos e de larvas. Após a recolha das espécies são entregues no Instituto Nacional de Saúde, Dr. Ricardo Jorge, para serem objeto de identificação e de outros estudos, dando assim este grupo profissional um contributo significativo para a identificação dos exemplares existentes em Portugal, estando desta forma a contribuir para o geoprocessamento de informação útil à tomada, pela DGS, de medidas e ações de vigilância e controle das doenças transmitidas aos seres humanos pelos insetos, reduzindo ou eliminando o seu impacto na saúde pública.

domingo, 27 de outubro de 2013

Vigilância da Qualidade da Água em Piscinas

 "A água pode existir sem os seres humanos, mas nós só conseguimos sobreviver sem água por poucos dias.”


Esta simples frase revela toda a importância e o que a água significa para nós. O seu valor não pode ser sobrestimado, é a essência para toda a vida na terra, sendo ao mesmo tempo um dos elementos mais importantes para todos os organismos.

Hoje irei abordar uma temática que constitui uma das áreas fulcrais na atuação do Técnico de Saúde Ambiental, que consiste na Vigilância Sanitária da Qualidade da Águas para Fins Recreativos (Piscinas), que contempla dois aspetos: a qualidade da água e a qualidade das instalações das mesmas.
O programa para ser levado a cabo são necessários vários recursos, nomeadamente logísticos (meio de transporte, equipamentos, materiais) e uma equipa multidisciplinar.

Nos últimos anos, a utilização de piscinas tem-se difundido cada vez mais. Estas tornaram-se locais não só de prática de desporto e de exercício físico, mas também de lazer e procura de saúde e bem-estar. 
Aliado ao fato de estar generalizada a importância da atividade física como fator de bem-estar físico, mas também como promotor da saúde, tem-se a uma crescente utilização de piscinas, por indivíduos de todas as idades, desde bebés (idade inferior a um ano), a idosos (mais de 65 anos), podendo no entanto, constituir-se como fonte de riscos para a sua saúde.

A avaliação da qualidade da água em piscina reporta-se a dois tipos de análises, microbiológica e físico-química. Na Análise Microbiológica avaliam-se os seguintes parâmetros:

Quantificação de microorganismos cultiváveis a 37ºc

Bactérias coliformes

Escherichia coli

Enterococos intestinais

Peseudomonas aeruginosa

Total de estafilococos
Estafilococos produtores de coagulase













Quadro 1- Parâmetros Microbiológicos

Na Análise Físico-Química avaliam-se os seguintes parâmetros:

Turvação

Cloretos

Condutividade eléctrica

Oxidabilidade em meio ácido

Ácido isocianúrico
Carbono orgânico
Azoto amoniacal

Temperatura

PH

Cloro Residual Livre

Cloro Residual Combinado

Quadro 3 – Parâmetros físico-químicos


Apesar da temperatura, pH, cloro residual livre e o cloro residual combinado serem medidos “in loco” são parâmetros que contribuem para a avaliação físico-química da água. Estes parâmetros são importantes porque influenciam a qualidade da água, tendo em conta as características individuais de cada um.

A análise microbiológica de uma água de piscina implica duas colheitas, uma em profundidade para pesquisa de bactérias presentes em todo o volume do tanque e indicadoras de
contaminação fecal, e uma superficial para detecção de bactérias patogénicas, que se acumulam no filme superficial da água, constituído por óleos e gorduras.


  • O técnico que efectuar a colheita deve dirigir-se à zona do cais da piscina usando calçado apropriado.
  • O local de colheita da amostra para a análise microbiológica deve ser junto ao rebordo interno e no ponto mais afastado da entrada da água na piscina.

Os procedimentos a seguir na colheita para análise microbiológica devem ser os seguintes:

Análise Microbiológica

  • Técnica de Colheita à Superfície:


1. Calçar as luvas ou desinfetar as mãos.
2. Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo, sem a pousar ou tocar no seu interior. Em caso de necessidade, colocar a tampa dentro da manga esterilizada ou caixa que envolve o frasco.

3. Mergulhar o frasco em posição inclinada e sem que a boca fique completamente submersa.
4. Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento, de modo a captar a camada superficial. O frasco não deverá ficar completamente cheio.
5. Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo.
6. Colocar o frasco em mala térmica e transportá-lo ao laboratório de imediato. O prazo máximo que medeia entre a colheita e o início da análise não pode ultrapassar as 6 horas. A
temperatura deve ser mantida a 5 ± 3ºC.
7. A entrega das amostras no laboratório deve ser feita pelo técnico responsável pela colheita.


  • Técnica de Colheita em Profundidade

1. Calçar as luvas ou desinfetar as mãos.
2. Prender as cordas aos dispositivos da armação do frasco, mantendo este dentro da caixa de protecção, ou preparar outro tipo de equipamento, de acordo com as respectivas instruções.
3. Submergir o frasco à profundidade pretendida (cerca de meia altura da piscina).
4. Accionar a corda de abertura do frasco ou abrir a tampa do frasco de mergulho esterilizado.
5. Depois de cheio, fechar o frasco e retirá-lo.
6. Identificar o frasco e colocá-lo na caixa metálica.
7. Colocar a caixa metálica contendo o frasco na mala térmica e transportá-los ao laboratório de imediato. O prazo máximo que medeia entre a colheita e o início da análise não pode ultrapassar as 6 horas. A temperatura deve ser mantida a 5 ± 3ºC.
8. A entrega das amostras no laboratório deve ser feita pelo técnico responsável pela colheita.


  • Técnica de colheita para Análise Físico-Química

Para a colheita de amostras para análise físico-química devem ser utilizados os frascos com volumetria e no número estipulado pelo laboratório.

  • O local de colheita da amostra para a análise físico-química deve ser junto a uma das saídas de água.

Os procedimentos a seguir na colheita para análise físico-química devem ser os seguintes:

1. Calçar as luvas ou desinfetar as mãos.
2. Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo, sem a pousar no chão.
3. Mergulhar o frasco em posição vertical a uma profundidade de cerca de 20 cm, inclinando-o para encher.
4. Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento. O frasco deverá ficar completamente cheio.
5. Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo.
6. Colocar o frasco em mala térmica e transportá-lo ao laboratório de imediato. A temperatura deve ser mantida a 5 ± 3ºC.
7. A entrega das amostras no laboratório deve ser feita pelo técnico responsável pela colheita.



Avaliação da Qualidade da Água

  • Apreciação Microbiológica

Os aspectos microbiológicos da qualidade da água são determinantes para a avaliação e
gestão do risco para a saúde ligado à utilização das piscinas.



As determinações físico-químicas são feitas com os seguintes objectivos:
- Avaliar a eficiência do tratamento da água.
- Avaliar os residuais de alguns produtos químicos potencialmente prejudiciais para a saúde humana.

A qualidade e a higiene de uma piscina depende essencialmente de factores humanos respeitantes tanto aos utilizadores como aos trabalhadores. Para promoção da saúde de ambos os grupos, os centros de saúde devem dinamizar actividades de sensibilização adequadas aos objetivos pretendidos. Para os utentes, os alvos devem ser prioritariamente as crianças e os seus pais e os idosos, não esquecendo os utilizadores em geral.
É importante realçar também que compete ás autoridades de saúde no âmbito da vigilância sanitária de piscinas, e ao disposto no Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril,  na nova redacção dada pelo Decreto-Lei nº 135/2013 de 4 de Outubro“vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas correctivas necessárias à defesa da saúde pública.”

De acordo com a mesma directiva, a água dos tanques das piscinas, deve ser filtrada e desinfectada, e possuir poder de desinfectante residual de modo a que as suas características físico-químicas e bacteriológicas sejam devidamente respeitadas, por forma a que não produza perigo para os seus utilizadores.
Para combater a contaminação da água, além de maiores exigências ao nível da higiene e cuidados pessoais dos frequentadores, a piscina tem de dispor de meios técnicos para a realizar o tratamento e desinfeção da água, assim como promover a higiene das superfícies. Da mesma forma tem que ser dada atenção aos sistemas de renovação do ar. 
A floculação e a filtração são as principais barreiras contra microrganismos e substâncias químicas. A desinfeção é a segunda barreira para os microrganismos e é mais importante para as águas de fraca qualidade. O desinfetante usado tem de ser potente para remover o microrganismo indicador, a Pseudomonas aeruginosa, em 99,99% em 30 segundos e isto é normalmente alcançado com químicos à base de cloro.
Uma bactéria presente na água, denominada Pseudomonas aeruginosa, é capaz de produzir doenças na pele, segundo afirmam pesquisadores norte americanos que publicaram um estudo na revista Journal of the American Academy of Dermatology, em Outubro de 2007. A pesquisa foi estimulada pelo encontro da infecção bacteriana na pele de 33 crianças, que utilizaram a mesma piscina.

Para uma maior aprendizagem destes procedimentos de colheitas de água de piscinas, produzi um vídeo com algumas fotos de atividades que vou realizando no estágio neste âmbito.
Espero que gostem!


terça-feira, 22 de outubro de 2013

"Lisboa Sai à Rua de Bicicleta"

Caros leitores,
Hoje deparei-me com algo, não muito comum, quando apanhei o metro para ir até ao meu local de estágio. 

Pois é, para pessoas distraídas como eu, as bicicletas já podem ser  transportadas no Metro de Lisboa a qualquer hora do dia, sem as habituais restrições que impediam os ciclistas de viajarem naquele transporte acompanhados dos velocípedes nas horas de ponta. A utilização está, no entanto, limitada a duas bicicletas por carrugem. Através do site: http://lisboaciclavel.cm-lisboa.pt/ poderá ter acesso às vias cicláveis , às estações de metro, aos parques de estacionamentos para bicicletas, etc. Podendo também fazer uma estimativa do percurso que quer fazer, dando-lhe indicações credíveis. Assim não terá desculpa para não andar de bicicleta!



A propósito da Semana Europeia da Mobilidade, a Sancha Trindade, do A Cidade na Ponta dos Dedos, desenvolveu um campanha em parceria com a Câmara de Lisboa com testemunhos reais sobre as vantagens de andar de bicicleta na cidade.
A cidade recebe nas ruas a primeira campanha para motivar os lisboetas a andar de bicicleta, resta saber se vai ser bem sucedida. 
Tive oportunidade de ver um testemunho da campanha e achei bastante interessante e apelativo, espero que tenha algum impacto na população, pois esta muito acomodada ao seu meu de transporte preferido: o carro. 
É um incentivo ao exercício físico, à redução de custos, à diminuição de tráfego, não prejudicando o planeta.
Fica uma, das oito testemunhas da campanha.

Programa REVIVE

As doenças transmitidas por vectores têm emergido, ou reemergido de alterações climáticas, demográficas e sociais, alterações genéticas nos agentes patogénicos, resistência dos vectores a insecticidas e inversão da importância dada à resposta à emergência em detrimento da prevenção. Existe uma preocupação crescente das autoridades de saúde europeias com a probabilidade de introdução de novos vectores em determinadas zonas geográficas, assim como a possibilidade de surgimento de surtos inesperados e provocados por agentes etiológicos que nunca estiveram presentes ou há muito tempo estavam esquecidos na realidade europeia. 




O European Center foi Disease Prevention and Control (ECDC) criou o Programme on emerging and vector-borne diseases e uma rede de vigilância de vectores a nível de toda a Europa. Por outro lado, o Regulamento Sanitário Internacional  também preconiza o estabelecimento de programas de vigilância e controlo de vectores no perímetro de portos e aeroportos. 




Através de um protocolo celebrado entre as Administrações Regionais de Saúde (ARS), Direção-Geral de Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA/Centro de Estudos de Vectores de Doenças Infecciosas (CEVDI), foi criada uma Rede de Vigilância de Vectores (REVIVE) a nível nacional. 



Objetivo do Programa REVIVE:

 - Vigiar a actividade de artrópodes hematófagos, caracterizar as espécies e a ocorrência sazonal nos locais previamente seleccionados;
 - Identificar agentes patogénicos importantes em saúde pública transmitidos por estes vectores;
 - Emitir alertas para a adequação das medidas de controlo, em função da densidade dos vectores e do nível de infecção.


Atividades a desenvolver:
 - Recolha de mosquitos imaturos - ovos, larvas, pupas;
 - Recolha de mosquitos adultos; - Recolha de ixodídeos (carraças).




Papel do Técnico de Saúde Ambiental: 

As atribuições da Unidade de Saúde Pública são descritas no esquema em baixo, pertencendo ao TSA.


O Programa Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE) identificou em três anos quase 78 mil mosquitos em 44 concelhos e não foram encontradas espécies invasoras ou vírus que provoquem doenças ao homem. Referido pelo "Diário de Notícias Ciência", disponível para os mais curiosos em: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1805834&seccao=Biosfera

Os mosquitos existentes em Portugal podem ser incómodos mas as suas picadas não provocam mais que uma comichão e uma "baba". No entanto, é importante que as autoridades mantenham-se vigilantes e pretendam reforçar o controlo nos portos e aeroportos e a comunicação entre as atividades de vigilância de controlo. Neste momento não existem casos em Portugal Continental, mas o mosquito foi identificado na Madeira este ano. É a região do Funchal que é a mais infestada e notou-se um claro aumento da densidade de um ano para o outro.

Fig.2 - Imagem de Imonofluorescência
in house positiva
para Dengue (CEVDI/INSA)
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) realiza no Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas (CEVDI) o diagnóstico laboratorial de referência de Dengue. Para o diagnóstico indireto são utilizadas técnicas de identificação de anticorpos IgG e IgM por Imunofluorescência in house e anticorpos IgM por Imunofluorescência comercial (Euroimmun).
O diagnóstico direto para a deteção do RNA viral é feita por técnica de transcriptase reversa em reação de polimerase em cadeia (RT-PCR) convencional.
O laboratório identificou o agente etiológico do surto  que está a ocorrer na Madeira como DEN1. A análise das sequências do genoma viral indentificado indica 99% de semelhanças com  vírus DEN1, que circulou na Venezuela (2006-2007), Colômbia (2006-2009) e Roraima, norte do Brasil (2010). Conclui-se que o vírus de DEN1, detetado na Madeira, tem origem na América Latina, provavelmente na região do mar das Caraíbas.
Desde do início de Outubro até  9 de Dezembro de 2012 ocorreram 2050 casos de Dengue na ilha da Madeira. Não foram identificados casos severos e o surto está tendencialmente a diminuir. O European Center for Disease Control e a Direção Geral de Saúde informam semanalmente sobre a evolução deste surto.

Em casos se surtos de dengue, o laboratório tem um papel essencial para a deteção atempada dos primeiros casos de maneira a contribuir para a tomada de medidas de controlo vetorial, para a identificação exata do agente etilógico e da dua orige e para, no caso do laboratório de referência como o INSA, contribuir para a instalação de novas metodologias e controlo de qualidade em outros laboratórios. 

O CEVDI/INSA foram identificados, no total, 14 espécies de culicídeos colhidos em Portugal continental, destas 9 espécies em estádios imaturos e 11 em adultos. Durante o estudo de identificação de culicídeos foi dada uma atenção permanente de serem detetadas espécies exóticas ou não referenciadas na fauna de culicídeos portugueses. 
Quadro 1 - Espécies, estádios, número de mosquitos capturados e abundância, ano de 2008

Espero que tenham ficado esclarecidos sobre este programa, qualquer dúvida disponham.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Estabelecimento de Comércio e Armazenamento de Produtos Alimentares a Retalho

Caros leitores, 

Com a surgimento de uma queixa de insalubridade derivada a cheiros nauseabundo a fruta podre, provenientes de uma loja de frutas, enviada pela Câmara Municipal de Lisboa, fomos ao local constatar tal facto, com o apoio de uma vistoria.
Relativamente à situação de insalubridade relatada não foi verificada no local esta situação, que pudesse pôr em causa a saúde e bem-estar psicológico dos moradores. 
No local foi possível verificar: 
- À porta do estabelecimento, verificou-se a existência de caixas para deposição de resíduos, sendo que uma delas tinha folhas de alface;
- O pátio tinha acesso às diversas habitações, não se verificou quaisquer restos de fruta ou legumes já podres;
- Tratava-se de um estabelecimento de comércio e armazenamento de produtos alimentares a retalho, edifício este com construção precária;
- Os revestimentos (paredes, tetos e pavimentos) estavam degradados;
- As instalações sanitárias encontravam-se com pouca limpeza e higiene, devendo ser retirado todos os equipamentos depositados que não estejam relacionados com o funcionamento destas;
- O espaço de circulação encontrava-se congestionado, devido ao armazenamento excessivo de produtos alimentares.
Faz-se ao exposto é necessário dar conhecimento da situação à Câmara Municipal de Lisboa, entidade licenciadora, para os fins tidos como convenientes.


Legislação Aplicável:



- Decreto-Lei nº259/07, de 17 de Julho

A instalação da generalidade dos estabelecimentos de comércio e armazenagem de produtos alimentares;
- Portaria nº791/07, de 23 de Julho
Requisitos legais a bom funcionamento da atividade
- Decreto-Lei nº48/11, de 1 de Abril
Promoveu algumas alterações no processo de licenciamento de estabelecimentos de comércio e armazenagem de produtos alimentares;

Reunião na Escolinha

Na passada semana foi realizada uma reunião no âmbito do Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE) numa escola primária, contando com a presença da técnica de Saúde Ambiental, da Higienista Oral e de uma Enfermeira. Estas reuniões neste âmbito destinam-se à caracterização de atividades do PNSE, compatibilizando horários entre todos os participantes.
No decorrer da reunião foi acordado que poderia-se começar a fazer a escovagem dos dentes às crianças dos 5 anos, num grupo de 25 alunos, uma vez que nos anos anteriores já se tinha introduzido outras crianças com idades superiores. Este papel destina-se à higienista oral.
Quanto ao tema da alimentação, pretende-se fazer uma história sobre este tema e introduzir-se na escola, como aprendizagem e suporte educativo para os docentes, papel este que pertence à enfermeira.

Por fim, foi feita referência à ação de formação para manipuladores de alimentos no Centro de Saúde, que irá decorrer nas férias da Páscoa, tendo como objetivo reforçar os conhecimentos de Higiene e Segurança Alimentar, bem como a importância dos manipuladores de alimentos, como atores da cadeia alimentar, salvaguardando a segurança dos alimentos.
Aproveitando a deslocação ao estabelecimento de ensino, foi realizada uma vistoria no âmbito do Programa de Vigilância das Acessibilidades e Condições Higio-Sanitárias dos Estabelecimentos de Educação e Ensino, foi verificado algumas incorreções como:
- Falta de acessibilidades a alguns acessos do estabelecimento a pessoas com mobilidade reduzida;
- Falhas no armazenamento e acondicionamento de géneros alimentícios.

É cada vez mais frequente existir uma preocupação com o bem-estar das crianças, visto que estas são um grupo vulnerável, precisando das melhores condições para se desenvolverem e aprenderem. O desenvolvimento e aprendizagem na fase jovem ocorre principalmente nas escolas e como tal, estas devem frequentar escolas seguras a todos os níveis, tanto em acessibilidade, segurança e higiene. 
É necessário a intervenção do Técnico de Saúde Ambiental para vistoriar este tipo de estabelecimentos, de modo a combater os diversos problemas relacionados com a saúde e bem-estar das crianças, de modo a obterem um espaço saudável e seguro para a sua aprendizagem.

Até à próxima publicação!

domingo, 20 de outubro de 2013

Programa Nacional de Saúde Escolar

"Um programa de saúde escolar efectivo … é o investimento de custo-benefício mais eficaz que um País pode fazer para melhorar, simultaneamente, a educação e a saúde".
(Gro Harlem Brundtland, Directora-Geral da OMS. Abril 2000)

                                  

Caros Leitores,
Hoje vou integrar no meu blog um tema bastante importante na atuação dos Técnicos de Saúde Ambiental: a Saúde Escolar. Como já tinha referido em publicações anteriores sobre o Programa de Saúde Escolar, decidi explorar um pouco mais sobre este, referindo a sua principal finalidade e a sua atuação.
O Plano Nacional de Saúde (2004-2010) define orientações estratégicas para a obtenção de mais saúde para todos, assente numa abordagem programática centrada em programas nacionais e com base em settings, com particular atenção para a escola. 

A Saúde Escolar é o referencial do sistema de saúde para o processo de promoção da saúde na escola, que deve desenvolver competências na comunidade educativa que lhe permita melhorar o seu nível de bem-estar físico, mental e social e contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida. 

A investigação vem demonstrando que a maior parte dos problemas de saúde e dos comportamentos de risco, associados ao ambiente e aos estilos de vida, pode ser prevenida ou significativamente reduzida através de um programa de saúde escolar efectivo. 

O Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE) tem como finalidades:
- Promover a saúde e prevenir a doença na comunidade educativa;
- Apoiar a inclusão escolar de crianças com necessidades de saúde especiais (NSE);
- Promover um ambiente escolar seguro e saudável;
- Reforçar os fatores de proteção relacionados com os estilos de vida saudáveis;
- Contribuir para a implementação dos princípios da promoção da saúde nos jardins-de-infância e escolas do ensino básico e secundário.

De acordo com estas finalidades contempla:
-         A Saúde individual e colectiva;
-         A Inclusão escolar;
-         O Ambiente escolar;
-         Os Estilos de vida.

As atividades desenvolvidas de acordo com as áreas de intervenção previstas no PNSE. A par de um conjunto de atividades obrigatórias, em função do nível de escolaridade, há projetos de promoção da saúde prioritários, no âmbito do PNSE, que terão de ser desenvolvidos no Jardim-de-infância até ao final do Ensino Secundário.

Para que haja estabilidade na aquisição de comportamentos positivos, os temas deverão ser revisitados várias vezes ao longo do processo de escolarização, de uma forma progressiva, cada vez mais ampla e aprofundada, numa verdadeira abordagem curricular em espiral. Por isso, a educação e a saúde devem dar prioridade a projetos de "longo curso", desenhados em conjunto e que utilizem estratégias de ensino-aprendizagem eficazes. 






Na minha opinião este tipo de Programas são extremamente importantes na promoção e prevenção da saúde das crianças e jovens. Quanto à atuação dos Técnicos de Saúde Ambiental atuam na Educação do Ambiente e Saúde, realizando vistorias às condições de acessibilidades, segurança e higiene das instalações, bem como a promoção da segurança e prevenção de acidentes. Encontra-se descrito nos pontos 2 e 9 do artigo 3º do Decreto-Lei nº117/95, de 30 de Maio referente ao Conteúdo Funcional do Técnico de Saúde Ambiental.
É de realçar o esforço e o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela equipa de saúde escolar, de modo a alcançar as metas inicialmente propostas.


Fontes:
- Plano Nacional de Saúde 2004-2010:
http://impns.dgs.pt/saude-escolar/
- Programa Nacional de Saúde Escolar: