terça-feira, 19 de novembro de 2013

Vagas de Frio!

Olá Caros Leitores,

Pois é, o frio já se faz sentir nas ruas e parece que veio para ficar! 
Aparecendo o frio, o organismo tem tendência para o aparecimento de doenças como a gripe, a pneumonia, a bronquite e o agravamento das doenças crónicas, nomeadamente, das cardíacas e das respiratórias. Alterações no comportamento social na época invernal, propiciando aglomerações em locais fechados, contribuem ainda para a difusão de determinadas doenças infeciosas.
E eu não fui exceção! Estes últimos dias têm sido passados na cama, devido a uma amigdalite. E como se isso não bastasse ainda fiz reação alérgica ao medicamento, causando urticária em todo o corpo, agravando os sintomas de amidgalite, especialmente as febres altas.  
Pois é, não acontece só aos outros! Devemos ter um especial cuidado com as mudanças repentinas de temperatura, principalmente apanhar frio.

Falando um pouco sobre as vagas de frio, estas são fenómenos climáticos extremos que têm vindo a ocorrer em Portugal. 
Uma vaga de frio é produzida por uma massa de ar frio e geralmente seco que se desenvolve sobre uma área continental. Durante estes fenómenos ocorrem reduções significativas, por vezes repentinas, das temperaturas diárias, descendo os valores mínimos abaixo dos 0ºC no Inverno. Estas situações estão geralmente associadas a ventos moderados ou fortes, que ampliam os efeitos do frio. Em Portugal, a sua presença está geralmente associada ao posicionamento do anticiclone dos Açores próximo da Península Ibérica ou de um anticiclone junto à Europa do Norte. 
Estes fenómenos, nomeadamente as suas alterações de frequência e intensidade constituem graves riscos para a saúde humana, com o potencial aumento do número de mortes associadas a temperaturas extremas. Os efeitos que se fazem sentir são resultantes de fatores e situações de risco ambientais, designadamente temperaturas baixas, aumento da humidade, aumento da pluviosidade, neve e nevoeiros, maior queima de combustíveis sólidos ou líquidos para produção de calor (aquecimento doméstico). 
A gestão do risco para a saúde das populações constitui um problema transversal à sociedade. Obriga à mobilização das estruturas de Saúde e de todas as entidades com responsabilidade na protecção das populações, nomeadamente, o Instituto da Segurança Social e a Autoridade Nacional de Protecção Civil, os serviços desconcentrados e a Administração Local. 


Impactos sobre a Saúde originados pelo Frio

Em Portugal tal como noutros países da Europa, verificam-se níveis mais elevados de mortalidade no Inverno do que no Verão e que, curiosamente, é nas regiões com invernos mais amenos que o excesso de mortalidade de inverno é mais intenso. De fato são os países da Europa, caracterizados por Invernos relativamente mais amenos, que relatam maior efeito sobre a mortalidade. Os autores designam por “paradoxo do excesso de mortalidade de inverno”, uma vez que, em climas mais amenos, teoricamente, o potencial de stress ao frio e mortalidade associada deveria ser menor, mas não o é. 

Especialistas europeus, designadamente o Eurowinter Group, concluiu que a percentagem de mortalidade acrescida por descida de 1ºC em temperaturas inferiores a 18ºC é maior em regiões quentes do que nas frias. 
Foi estimado todos os anos, para a Europa durante o inverno, um excesso de 250 mil óbitos, 70% destes casos associados a doenças cardíacas e 15% a doenças respiratórias, sendo referido por alguns autores que, embora este fenómeno tenha vindo a diminuir gradualmente nas últimas décadas, continua a ser bastante relevante em países como Portugal, Espanha, Irlanda, Inglaterra e no país de Gales 
comparativamente com outros países europeus com clima semelhante. 


Entre os principais efeitos sobre a saúde humana originados pelo Frio encontramos: 
  • Hipotermia (arrepios, vasoconstrição periférica e aumento da função cardíaca e respiratória);
  • Síndrome de Raynault;
  • Fadiga física, perda de sensibilidade; 
  • Aumento da sobrecarga do coração e aparelho circulatório; 
  • Agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias; 
  • Agravamento de doenças crónicas do foro músculo-esquelético e metabólico; 
  • Agravamento de doenças crónicas do foro mental; 
  • Aparecimento de doenças agudas do Aparelho Respiratório; 
  • Sensação de incómodo, estado confusional; 
  • Atitude de indiferença com comportamentos irracionais; 
  • Enregelamento, Gangrena das extremidades
  • Síncope
  • Morte por falência cardio-respiratória. 
Existem outros factores associados ao frio que condicionam indirectamente o estado de saúde da população, tais como as características/deficiências habitacionais, a utilização de sistemas de aquecimento e o número e o comportamento dos residentes. 
A temperatura e a ventilação têm impacto nas características do ar interior das habitações, podendo originar a acumulação de humidade que favorece o desenvolvimento de bolores, o que pode desencadear ou agravar reacções alérgicas essencialmente do Aparelho Respiratório. 
Acresce ainda nestas épocas do ano o recurso à utilização de sistemas de aquecimento  por combustão susceptíveis de agravar a qualidade do ar interior, por acumulação de monóxido de carbono em quantidades tóxicas na ausência de ventilação eficaz, podendo desencadear efeitos graves na saúde dos residentes. 
Problemas adicionais surgem quando o comportamento dos residentes contribui para o aumento da poluição do ar interior, nomeadamente por tabagismo, fecho hermético das janelas/calafetagem excessiva, procedimentos de limpeza inadequados, etc., pela acumulação de partículas/substâncias suspensas no ar, que afectam a saúde humana causando problemas diversos. 


Grupos Vulneráveis

Estudos epidemiológicos desenvolvidos revelam que o excesso de óbitos associado ao Frio se concentra em grupos de risco definidos, tais como: 
  • Bebés e crianças; 
  • Idosos; 
  • Indivíduos acamados ou dependentes de segunda pessoa; 
  • Portadores de doenças crónicas, mentais ou metabólicas; 
  • Pessoas em situação de sem abrigo; 
  • Trabalhadores de setores de actividades desenvolvidas ao ar livre; 
  • Turistas ou visitantes na região (com pouca habituação a temperaturas baixas). 
Conhecer os factores de risco individuais e ambientais que caracterizam a população vulnerável são fundamentais para agilizar recursos e respostas adequadas à protecção do estado de saúde da população. 
Um dos grupos populacionais mais vulneráveis aos efeitos do frio é o das pessoas que vivem sem-abrigo. Esta é uma situação que, atualmente, se encontra em todas as cidades. A este grupo populacional é, também, frequente estarem associadas outras problemáticas, como por exemplo o alcoolismo e a doença mental, a toxicodependência, a tuberculose e a SIDA, o desemprego, a pobreza e a emigração, potenciando estados de grande vulnerabilidade, exigindo das entidades e instituições uma abordagem integrada e de emergência aquando da ocorrência de Vagas de Frio. 


Medidas de Autoproteção

A Direção Geral de Saúde recomenda a adoção das seguintes medidas:
  • Evitar a exposição prolongada ao frio e as mudanças bruscas de temperatura;
  • Usar várias camadas de roupa, folgada e adaptada à temperatura ambiente;
  • Proteger as extremidades do corpo (usando luvas, gorro, meias quentes e cachecol);
  • Ingerir sopas e bebidas quentes, evitando o álcool que proporciona uma falsa sensação de calor;
  • Ter uma especial atenção com a proteção em termos de vestuário por parte dos trabalhadores que exerçam a sua atividade no exterior e evitar esforços excessivos resultantes dessa atividade. 
A Autoridade Nacional de Proteção Civil recomenda ainda:
  • Especial atenção aos aquecimentos com combustão (ex: braseiras e lareiras), que podem causam intoxicação e levar à morte;
  • Assegurar uma adequada ventilação nas habitações, quando não for possível evitar o uso de braseiras ou lareiras;
  • Evitar o uso de dispositivos de aquecimento durante o sono, desligando sempre quaisquer aparelhos antes de se deitar;
  • Ter em atenção a condução em locais onde se forme gelo na estrada, adotando uma condução defensiva;
  • Especial atenção por partes das famílias e vizinhos, e das redes sociais de proximidade, com as situações de pessoas idosas e em condição de maior isolamento.

Informação e Comunicação

A Informação e comunicação entre colaboradores e parceiros externos fazem-se respeitando as hierarquias, circuitos e meios disponíveis pelos serviços, da ARSLVT (Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo)

Fluxograma de informação e articulação entre colaboradores e parceiros externos: 



Nacional: 
1) O Grupo de Informação Ambiental (GIA) informa a Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional (DSAO) da DGS sobre: 
  • Temperaturas extremas (indicadas pelo Instituto de Meteorologia - IM);
  • Níveis de radiação ultravioleta (IM);
  • Índices da qualidade do ar (avaliados pela Agência Portuguesa do Ambiente - APA);
  • Incêndios (ocorrências da Autoridade Nacional de Protecção Civil - ANPC);
  • Excedências dos níveis de ozono (registadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional - CCDR) 
2) A DSAO disponibiliza a informação de base fornecida pelo GIA para os GTR para avaliação e determinação dos níveis de alerta distritais; 
Sempre que a situação (alerta vermelho) o justifique a Autoridade Nacional de Saúde (ASN) activa o Grupo de Crise. 

Regional: 
3) Os GTR informam o GOS e a DSAO dos níveis de alerta definidos para os seus distritos; 

4) Em caso de alerta de nível Vermelho, o GTR deve informar o Grupo de Crise da DGS e dar conhecimento ao Conselho Directivo (CD) da ARSLVT, Autoridades de Saúde Locais, aos Directores dos Centros Distritais de Segurança Social e Governadores Civis (Serviços Distritais de Protecção Civil). A DGS envia comunicado aos meios de comunicação social; 

5) O GTR informa as Autoridades de Saúde Locais/ Coordenadores das Unidades de Saúde Pública, os Directores dos Centros Distritais de Segurança Social e os  Governadores Civis dos distritos de Lisboa, Santarém, Setúbal e Leiria, sobre o nível de alerta definidos. 

Local: 
6) A Autoridade de Saúde Local (AS) deve informar a Unidade de Saúde Pública, o Director Executivo e o Presidente do Conselho Clínico do ACES (Unidade de Saúde Locais), Direcção Hospitalar, assim como os responsáveis locais dos Serviços de Segurança Social, os Coordenadores das Comissões Municipais de Protecção Civil dos concelhos abrangidos, sobre o nível de alerta emitido e o resultado da avaliação do risco para a saúde da população vulnerável; 

7) As entidades envolvidas devem informar a AS sobre a existência ou previsão de ocorrências especiais e sobre as acções/respostas implementadas considerando o nível de alerta adoptado; 

8) A AS informa os meios de comunicação social locais sobre o nível de alerta e as medidas de protecção adequadas e os recursos disponibilizados. 


FONTES:
> ANPC - Autoridade Nacional de Protecção Civil – www.prociv.pt
> DGS - Direcção-Geral de Saúde – www.dgs.pt
> ARSLVT - Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo - http://www.arslvt.min-saude.pt

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