Caros
leitores,
A
Saúde Ocupacional é a “chave” de informação de todas as minhas publicações. Já
falei um pouco desta área bastante extensa de Saúde Ambiental em: “Lookcloser para a Higiene e Segurança no trabalho” e “Saúde Ocupacional em todo o mundo”.
Torna-se crucial realçar o significado de Risco, uma palavra bastante utilizada
e importante nesta área que incorpora a teoria da multicausalidade, na qual um
conjunto de fatores de risco é considerado na produção da doença, avaliada
através da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos de exposição
e efeito.
Tendo
em conta os pressupostos anteriores, a intervenção dos serviços de SHST têm
crescente importância no estabelecimento e manutenção de gestão de riscos
eficazes nas empresas. Estes serviços têm-se visto na necessidade de atualizar
os seus métodos devido às mudanças ocorridas, nomeadamente ao aparecimento de
novas necessidades no panorama dos riscos laborais.
As
mudanças no contexto de trabalho atual vieram modificar as necessidades de
investigação no domínio de SHST. Na União Europeia foram definidas, por
consenso de necessidades dos Estados Membros, como prioridades gerais de
investigação no domínio de SHST: fatores de risco psicossociais, fatores de
risco químico, substituição de substâncias perigosas, gestão de riscos em PME,
avaliação de riscos, entre outras. (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde
no Trabalho, 2000). 1
Acresce
aos desafios criados pelas mudanças constantes, a necessidade de identificação
de diferentes tipos de riscos, em diferentes contextos. Esta variabilidade leva
a que os Técnicos de SST tenham de utilizar diversos recursos para a correta
avaliação dos riscos a que estão expostos os trabalhadores para o seu
consequente controlo.
É
neste contexto que se explica a pertinência do significado de “Risco”. O
conceito comum em todas as definições é a incerteza dos resultados. Diferem é
em como caracterizar os resultados. Alguns descrevem o risco tendo apenas consequências
adversas, enquanto outros têm ideias semelhantes.
Fig. 1 - Gestão de Risco. |
Para Conway (1982), “risco é definido
como a medida da probabilidade e da severidade de efeitos adversos” 2; Inhaber (1982) define-o como “a
probabilidade de ocorrer acidentes
e doenças, resultando em ferimentos ou mortes”. 3 O
risco é inevitável e está presente em cada situação humana, seja no quotidiano,
a nível público ou em organizações do setor privado.
A
frase " a expressão da probabilidade de ocorrência e impacto de um evento" implica que, como um mínimo, alguma forma de análise quantitativa ou
qualitativa é necessário para a tomada de decisões sobre os principais riscos e
ameaças para a realização dos objetivos de uma organização. Para cada risco são
necessários dois cálculos: a probabilidade ou/e a extensão do impacto ou consequências.
Risco não é sinónimo
de perigo. No nosso dia-a-dia estamos sempre expostos a riscos de acidentes. Descer
uma escada, por exemplo, representa um risco real de acidente. Até em casa ao acender
o fogão a gás, há possibilidade de um incêndio.
O quadro seguinte mostra a classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza. Os riscos
ocupacionais têm origem nas atividades insalubres e perigosas, aquelas cuja
natureza, condições ou métodos de trabalho, bem como os mecanismos de controlo
sobre os agentes biológicos, químicos, físicos e mecânicos do ambiente de
trabalho podem provocar efeitos adversos à saúde dos profissionais.
Tabela 1- Classificação dos principais riscos ocupacionais. |
Na
impossibilidade de eliminar o risco, o melhor a fazer é tentar estabelecer uma
comparação entre o risco e os benefícios: reduzir o risco. Os profissionais que atuam na prevenção têm
tentado, com algum sucesso, reduzir o risco, diminuindo a probabilidade de contrair
doenças e prevenindo acidentes.
Finalmente, é
importante referir que a maneira como os seres humanos reagem ao risco é
influenciada também pelos fatores psicológicos. Os trabalhadores de profissões
perigosas quase sempre falham em tomar precauções. Estão tão acostumados ao
perigo que passam a ignorá-lo. Mesmo se tomarmos precauções, estas nem sempre
são tão benéficas como pensamos. Uma teoria conhecida como hipótese da
compensação do risco afirma que as precauções com a segurança podem levar ao
aumento da exposição ao risco (Stewart, 1990). 5
Para terminar deixo-vos um filme do Napo em atividade de risco: 6Até à próxima publicação!
Referências
Bibliográficas:
2-
CONWAY,
R. A. Introduction to environmental risk analysis. Environmental Risk Analysis
for Chemicals. New York: van Nostand Reinhold Company, 1982.
3-
CHELSEA,
Michigan: Lewis Publishers, Inc., 1986. INHABER, H. Energy Risk+Assessment. New
York: Gordon and Breach Science Publishers, Inc., 1982.
4 - Tabela: Classificação dos principais riscos ocupacionais.
4 - Tabela: Classificação dos principais riscos ocupacionais.
5-
STEWART,
I. Risk business. New Scientist (UK), 33, May 1990.
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