“Consideram-se Clínicas ou Consultórios
Dentários as unidades
ou estabelecimentos de saúde privados que prossigam
atividades de prevenção, diagnóstico e tratamento das anomalias
e doenças dos dentes, boca, maxilares e estruturas anexas, independentemente da
forma jurídica e da designação adotadas, no âmbito das competências legalmente
atribuídas a cada um dos grupos profissionais envolvidos”.
Portaria nº268/2010 de 12 de Maio
De
acordo com a orientação da DGS 009/2001, o processo de licenciamento das
unidades Privadas de Serviços de saúde (UPSS) foi, como se sabe, alterado.
Com
a publicação do Decreto-Lei nº279/2009, de 6 de Outubro, é criado um regime de licenciamento
simplificado para Clínicas e Consultórios Dentários, simplicidade que se
evidencia pela licença emitida como recibo da informação validamente submetida
(formulário Disponível no site da ERS ou da ARS respetiva). O legislador opta
não por facilitar, como vinca, mas por responsabilizar os profissionais pelas declarações
prestadas, sem prescindir de requisitos mínimos que são explicitados em
normativo próprio. Essa vigilância pode, naturalmente, ocorrer a todo e qualquer
momento, em conformidade com as atribuições asseguradas pelas autoridades de
Saúde, previstas no DL nº82/2009, de 2 de Abril. A Vigilância Sanitária
contribui para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas Unidades
Privadas de Serviços de Saúde, agora facilitada em função da definição e
clarificação dos critérios aplicáveis.
Emerge
deste cenário a responsabilidade na proteção da Saúde Pública, que se pretende
ver reforçada. Assim, entende-se ser essencial a uniformização das intervenções
efetuadas pelas Unidades de Saúde Pública nas clínicas e consultórios dentários
existente nas áreas geográficas de influência dos Agrupamentos de Centros de
Saúde (ACES). Para o efeito, sugere-se a elaboração e desenvolvimento de
projetos de intervenção específicos, capazes de assegurar a total cobertura dos
estabelecimentos existentes área geográfica de influência de cada ACES.
Tratando-se de estabelecimentos sujeitos a licenciamento, considera-se que a
organização e realização de intervenções sistemáticas de vigilância deverão ser
uma das prioridades das Unidades de Saúde Pública, sendo de prever a sua repetição
periódica em intervalos de tempo necessariamente dependentes dos recursos disponíveis
ou alocados para esse efeito. Trata-se de implementar ações normalizadas,
suscetíveis de minimizar os riscos resultantes de indesejáveis más condições estruturais
ou más práticas com origem nos estabelecimentos privados prestadores de
cuidados de saúde oral.
A Organização Mundial da Saúde aponta para
2020, metas para a saúde oral que exigem um reforço das ações de promoção da
saúde e prevenção das doenças orais, e um maior envolvimento dos profissionais
de saúde e de educação, dos serviços públicos e privados.
Motorização
da Esterilização
Todos
os processos que envolvem a descontaminação do consultório odontológico devem ser
os mais efetivos possíveis, capazes de prevenir ou diminuir o risco de infeções
cruzadas. Assim é importante a implementação de um protocolo de limpeza,
desinfeção e esterilização, a ser seguido adequadamente. Sabemos também que
devido a grande variação nos tipos de materiais, e dos diversos tipos de
equipamentos que envolvem este atendimento, muitas vezes o procedimento ideal
nem sempre é conseguido.
A
preocupação das pessoas em relação à transmissão de doenças nos serviços de
saúde tem aumentado muito, e cada dia mais paciente fazem perguntas com referência
ao controlo de infeções feito nos consultórios odontológicos e médicos. Os
profissionais de saúde estão conscientes da importância de proporcionar
biossegurança aos seus pacientes, a si próprio e à sua equipa.
A
esterilização dos materiais é uma parte essencial do SISTEMA BEDA (B-barreiras,
E-esterilização, D-desinfeção, A-anti-sepsia) de Controlo da Infeção, em
qualquer ambiente: consultório, clínicas e laboratórios. Assim, um cuidado
constante na esterilização é efetuar testes para verificar se os procedimentos
de esterilização estão eficientes. Uma vez por semana, indicadores biológicos ou
esporo-testes devem ser utilizados, junto com o material a ser esterilizado,
para se estar seguro de que o procedimento foi correto.
Antes da desinfecção ou
esterilização de qualquer tipo de material é fundamental que seja realizada uma
adequada limpeza, para que resíduos de matéria orgânica que possam ficar
presentes nos materiais não interfiram na qualidade dos processos de desinfecção
e esterilização.
Resíduos Hospitalares em Unidades Privadas de Saúde
No seguimento da minha última publicação sobre Resíduos Hospitalares achei pertinente evidenciar um pouco a gestão de resíduos hospitalares em Unidades Privadas de Saúde. Em clínicas/consultórios dentários
podem ser encontrados resíduos de diferentes tipos, tais como resíduos
contaminados (algodão sujo de sangue, pús, saliva, guardanapos, luvas,
máscaras, etc...), resíduos cortante e perfurante (agulhas, lâminas de bisturi,
vidros contaminado e partidos, instrumentos cortantes, etc...), resíduos
alimentares, resíduos secos e resíduos especiais para reaproveitamento (vidros,
plásticos e latas não contaminados, papéis, caixas de papelão, invólucros de
medicamentos ou materiais, etc..).
Os resíduos sólidos contaminados e
não contaminados devem ser recolhidos pelo órgão municipal responsável, para
seu adequado destino e reaproveitamento, ou por uma empresa certificada.
O
ambiente de trabalho odontológico é um local de alto risco de contaminação. É importante
o controlo das infeções através dos métodos de esterilização e desinfeção. Os
equipamentos normalmente utilizados para a esterilização dos materiais são a
estufa e a autoclave, porém em ambos os casos o ciclo de esterilização é longo
e os equipamentos, além do elevado custo de aquisição, necessitam de
manutenções periódicas e funcionam apenas quando ligados à rede elétrica.
Apesar
de não haver ainda uma informação muito extensa, notou-se um aumento bastante
significativo de Mapas de Registo de Resíduos Hospitalares recebidos, relativamente
a anos anteriores.
Fig. 2 - Totais (ton./ano) da produção de Resíduos Hospitalares nas Unidades Privadas de Saúde. Fonte: Relatório Resíduos Hospitalares 2002 |
Quadro 1 – Produção de Resíduos Hospitalares por grupos (kg/ano) das Unidades Privadas de Saúde. Fonte: Relatório de Resíduos Hospitalares 2002 |
De
acordo com a legislação atual, o funcionamento de certos tipos de estabelecimentos
privados prestadores de cuidados de saúde pressupõe a existência de
licenciamento. No entanto, a informação obtida no âmbito do processo de registo
na Entidade Reguladora da Saúde (ERS), permite constatar que a uma percentagem considerável
de prestadores de cuidados de saúde sujeitos a licenciamento ainda não foi
atribuída a respetiva licença. As razões para a circunstância descrita podem
ter explicações diversas, desde atrasos na instrução dos pedidos de
licenciamento, até à situação de ausência de uma comissão de verificação
técnica (comissão com funções de vistoria e de inspeção), como é o caso do
licenciamento das clínicas e consultórios dentários.
As unidades de saúde, públicas e privadas, têm neste momento todas
as condições para desenvolver as suas capacidades e elaborar planos de gestão
de resíduos versus gestão de risco, de forma a otimizar todo o circuito
interno de resíduos – a gestão de riscos deve ser realizada transversalmente uma
vez que ela concerne todos os setores e serviços das unidades de saúde.
Neste sentido,
as Administrações e Direções das Unidades Prestadoras de Cuidados de Saúde e os
respetivos serviços devem comprometer-se e dar um apoio consistente a este setor,
que incentive a incorporação dos preceitos instituídos por via legislativa e
normativa, adaptando as suas organizações, competências e Know-how aos
preceitos da boa gestão.
Sem pretender transformar uma unidade de saúde em especialista de
resíduos, é certo que a resolução dos problemas inerentes à eliminação dos
resíduos hospitalares vai necessitar, à partida, de um esforço singular.
Todavia, posteriormente vai traduzir-se em novos comportamentos reflexos: o
fazer sem pensar.
Ao longo do meu
estágio tive a oportunidade de vistoriar algumas Clínicas/Consultórios
Dentários, ao qual gostei bastante, pois nunca tinha presenciado uma atividade
deste género. Considero bastante importante o controlo da infeção nestes
locais, pois, como são locais privados, por vezes podem sobrepor os seus
interesses às necessidades dos clientes. Como a esterilização é considerada o
“bastidor” dos consultórios dentários, os médicos, higienistas orais e
auxiliares, por vezes fica um pouco descuidada. Cabe a estes profissionais
garantir um serviço de qualidade aos clientes, e principalmente reduzir a possibilidade
de ocorrência infeções. O Técnico de Saúde Ambiental, juntamente com a
autoridade de saúde, deve então vistoriar periodicamente os locais que possuem
focos de infeção, de modo a informar, formar e sensibilizar os profissionais
destas áreas à adoção de boas práticas.
Para finalizar deixo-vos um vídeo ilustrativo do processo de esterilização de materiais odontológicos.
Até à próxima publicação!
FONTES:
LEGISLAÇÃO:
- Decreto-Lei nº163/2006 de 8 de Agosto (Lei das Acessibilidades)
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