sábado, 7 de dezembro de 2013

Resíduos Hospitalares



Caros leitores,
Como podem constatar ao longo de todas as publicações do meu blog, a Saúde Ambiental é um MUNDO!Ainda há muito por descobrir e fazer. Hoje trago-vos um tema um pouco diferente das minhas últimas publicações, é de extrema relevância no que diz respeito à atuação do Técnico de Saúde Ambiental, tendo a oportunidade de experiencia-la  durante o estágio, consistindo em auditorias às salas de tratamento e gabinetes médicos de Centros de Saúde, bem como vistorias a Clínicas e Consultórios Dentários e Lares de Idosos.

O termo “resíduos hospitalares”, adotado em Portugal, é apenas mais uma designação entre outras que existem e que são adotadas noutros países (ex: resíduos médicos, resíduos clínicos, resíduos de cuidados de saúde). O problema não está propriamente na designação, mas sim na sua classificação (diferentes categorias em que se dividem os RH) que também é diferente consoante o país. Não há uma classificação única, universalmente aceite, existem diversos sistemas de classificação para a caracterização dos RH, de acordo com a sua constituição (Mühlich et al., 2003). De acordo com Gonçalves (2005) a relação entre a classificação dos resíduos e a separação na fonte é cada vez mais indissociável na gestão de RH.
Fig.1 - Resíduos Hospitalares
Segundo Levy et al. (2002), a quantidade de resíduos hospitalares (RH) produzidos em Portugal, em condições normais, não representa um problema em termos de gestão, comparativamente com os outros tipos de resíduos, como sejam, os resíduos urbanos, os resíduos industriais e, até mesmo os resíduos provenientes da atividade agrícola.
Contudo, dada a sua natureza, diversidade, perigosidade e grau de risco, são necessários procedimentos específicos de manipulação e tratamentos diferenciados, que tornam a sua gestão complexa e onerosa.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem defendido que os RH são especiais, e que algumas categorias destes resíduos estão entre as mais perigosas, de todos os resíduos produzidos na comunidade, e podem ter consequências graves a nível da saúde pública e ambiente (Sawalem et al., 2009).
Apesar de nos últimos anos ter aumentado a preocupação pública com gestão dos RH, numa base mundial (Shinee et al., 2008), e ter sido desenvolvido um esforço significativo para uma gestão segura, na ausência de uma clara compreensão dos riscos de transmissão de doenças e os impactes para o ambiente associados, existem na maior parte das vezes práticas de gestão inadequadas.


Classificação dos Resíduos Hospitalares

A classificação em 4 Grupos tem “em conta os princípios que devem presidir a organização e gestão global dos resíduos, como sejam os riscos efetivos, a proteção dos trabalhadores do sector, a operacionalidade das diversas secções, os preceitos éticos e a perceção de risco pela opinião pública” (PERH, Despacho Conjunto n.º 761/99).
No Quadro 1 apresentam-se os Grupos de RH, a sua designação e tipo de tratamento final requerido, de acordo com a legislação vigente – Despacho nº242/96, de 13 de Agosto.
Quadro 1 - Classificação de Resíduos Hospitalares por grupos
(Despacho nº242/96, de 13 de Agosto)
Verifica-se uma evolução da produção total declarada de resíduos hospitalares, entre 1999 e 2005, do Serviço Nacional de Saúde (Hospitais, Centros de Saúde, Centros de Alcoologia, Centros de Histocompatibilidade e Laboratórios de Saúde Pública), cuja informação foi obtida através do tratamento dos dados dos Mapas de Registo da Produção de Resíduos Hospitalares remetidos à Direcção-Geral da Saúde ao abrigo da Portaria nº 320/2007, de 23 de Março.

Gráfico 1 - Evolução da produção de resíduos hospitalares 1999/2005

Portugal produz anualmente mais de 100 mil toneladas de resíduos hospitalares.
A situação em que se encontram as unidades de saúde em matéria de recolha e gestão de resíduos hospitalares é, em geral, "preocupante ou muito preocupante", concluiu a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) num estudo realizado em parceria com a Universidade do Minho.


Acondicionamento:

A triagem e o acondicionamento devem ter lugar junto do local de produção.

Fig.2 - Recipientes para
acondicionamento
de Resíduos Hospitalares
do Grupo III
  • Grupos I e II: Recipientes de cor preta.
  • Grupo III: Recipientes de cor branca com indicativo de risco biológico.
  • Grupo IV: Recipientes de cor vermelha com exceção dos materiais corto-perfurantes que deverão ser acondicionados em recipientes, contentores, imperfuráveis, estanques, mantendo-se hermeticamente fechados.


A sensibilização e formação de todos os profissionais envolvidos na produção e manipulação destes RH revelam-se fulcrais no alcance de uma boa gestão destes resíduos, nomeadamente nas fases de triagem e acondicionamento, e até na interiorização e concretização dos princípios fundamentais do Regime Geral de Gestão de Resíduos (Decreto-Lei n.º 178/2006 –Anexo I), tais como a redução de produção de resíduos na fonte e a correta gestão de stocks para a minimização de produção de resíduos.
Concluindo, seria vantajoso promover auditorias externas para avaliação da implementação dos planos de gestão de resíduos hospitalares, de modo a monitorizar a eficácia e qualidade do plano de gestão implementado, mas também, diagnosticar as necessidades de formação existentes por parte de todos s profissionais que manipulam este tipo de resíduos. Embora as medidas mais importantes e efetivas estejam relacionadas com a eliminação do risco (ex: efetiva separação na fonte), ou com a sua substituição por menor risco (ex: formação e sensibilização), na prática nem sempre são exequíveis. Desta forma, é necessário optar por outras medidas como o uso de equipamento de proteção de equipamentos de proteção individual (EPI) (Gonçalves, 2005).
Quadro 2 - Medidas de redução do risco de acordo
com a hierarquia de segurança (EA, 2002)

"Muito esforço terá que ser desenvolvido para que a meta dos 100 por cento de unidades com planos de gestão preconizada no PERH 2010-2016 [Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente e pela Direcção-Geral da Saúde] seja alcançada".


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