quinta-feira, 5 de junho de 2014

Exposição ao Ruído Ocupacional

Caros Leitores,

O tema que vos trago hoje é sobre a Exposição ao Ruído. Esta problemática cada vez mais afeta a população, ficando assim expostas às consequências que advêm do ruído, provocando problemas na saúde humana. Na UE cerca de 20% da população é afetada por níveis de ruído considerados inaceitáveis causando assim incómodo e perturbações a nível do sono. 1
Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de fazer uma vistoria a uma serralharia que teve como objetivo a avaliação da exposição diária ao ruído dos trabalhadores. As medições foram efetuadas com recurso a equipamento de medição e ensaio adequado, nomeadamente:

·    Método Utilizado: Amostragem;
· Sonómetro Integrador de Precisão Cesva, Modelo SC160 e Calibrador Acústico, CB-5;
·  Data de Verificação Periódica: anual
 
Fig. 1 - Exemplo de Sonómetro 2
Este equipamento permite a medição do nível sonoro contínuo equivalente ponderado A, LAeq, o nível de  pressão sonora de pico, LCPico, além de outros parâmetros. É ainda efetuada a análise em frequência por bandas de oitava, desde a banda de 63 Hz até à de 8 KHz.
O sonómetro foi devidamente ajustado, antes e depois das medições, mediante a utilização de um calibrador acústico.
As medições foram efetuadas de acordo com os procedimentos estabelecidos no Anexo I do Decreto-Lei n.º 182/06, num conjunto de pontos representativos das várias posições de trabalho existentes nas diferentes secções da empresa (e no caso de máquinas com um determinado ciclo de funcionamento, em que ocorrem diversos tipos de ruído, o tempo de medição decorreu durante pelo menos um ciclo completo).

No início e no final de cada série de medições procedeu-se à calibração do sonómetro. O valor obtido no final do conjunto de medições não diferiu do inicial mais do que 0,5 dB(A). 3


Ruído Ocupacional

A perda da capacidade auditiva e mesmo a surdez é um dos riscos ocupacionais com maior destaque e importância na vida laboral, para tal contribui o facto de diariamente, milhões de trabalhadores europeus estarem expostos ao ruído e a todos os riscos inerentes a essa exposição nos seus locais de trabalho. Sendo o ruído um problema intrínseco para determinados setores como a indústria transformadora e o setor da construção, podendo igualmente constituir um problema para um vasto leque de outros ambientes de trabalho profissionais ou sociais, desde centros de atendimento telefónico a escolas, ou de fossos de orquestras a bares.
De acordo com os dados disponíveis, a perda de audição provocada pelo ruído é a doença ocupacional mais comum na União Europeia 4, tendo um em cada cinco trabalhadores europeus tem de falar alto durante pelo menos metade das suas horas de trabalho e 7% sofre de problemas auditivos relacionados com o trabalho. 5
A vitoria realizada à serralharia em questão foi bastante importante para dar continuidade às avaliações que têm sido realizadas em anos anteriores de forma a monitorizar os níveis de ruido nos postos de trabalho e a forma como afetam a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Este tipo ruido provoca graves efeitos sobre a saúde do Homem, designadamente perturbações psicológicas ou fisiológicas, associadas a reações de stress, alterações de humor ou falta de concentração, hipertensão arterial e distúrbios cardiovasculares, bem como problemas graves no aparelho auditivo, como a perfuração do tímpano ou surdez profissional.
Fig. 2 - Caricatura para a promoção da adoção de proteção individual auditiva 6
O ouvido humano é um sistema bastante sensível, delicado, complexo e discriminativo. Ele permite perceber e interpretar o som. A receção e análise do som pelo ouvido humano são processos complicados que ainda não são completamente conhecidos. O ouvido pode ser dividido em três partes: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno. A surdez resulta da perda quer da sensibilidade em frequência (resposta do sistema auditivo às várias frequências que um som pode ter) quer do incremento do limiar de audição, ou seja, é necessária uma maior quantidade de som para que este se torne percetível.
Apesar de este risco ser normalmente equacionado em meios ocupacionais, a verdade é que pouca importância se lhe tem dado, optando-se, geralmente, pela solução mais imediata: a adoção da proteção individual auditiva.
É, por isso, necessário apostar em diferentes medidas preventivas e, até mesmo proactivas e não limitar-se à utilização generalizada da proteção individual auditiva, solução que é frequentemente adotada pela sua relativa facilidade de implementação e baixo custo.
Em suma, o futuro da prevenção no que toca à exposição ao ruído passará, sem dúvida, pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento de instrumentos de avaliação e análise mais eficazes, no sentido de diminuir, ou mesmo eliminar, o efeito deletério da exposição ocupacional ao ruído e a consequente diminuição da qualidade de vida dos trabalhadores.

Para terminar deixo-vos um filme no Napo sobre este tema, por forma a esclarecer e aletar para este risco ocupacional.7



Até à próxima publicação!

Referências Bibliográficas:

4 - Valores da UE dos 15. Fonte: Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho Data to describe the link between OSH and employability 2002 ISBN 92-95007-66-2 
5 - Valores da UE dos 15. Fonte: Eurostat: Work and health in the EU: a statistical portrait ISBN 92-894-7006-2

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